Pneumologicamente Nerd

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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fisioterapia no DPOC


A fisioterapia pulmonar constitui componente de grande valor do tratamento das DPOCs. O plano fisioterapêutico visa oferecer o melhor comportamento funcional do paciente, sendo útil o seu início o mais precocemente possível. Consta de exercícios respiratórios, exercícios de tosse, drenagem postural de todos os segmentos pulmonares, técnicas de percussão torácica associados à drenagem postural, pratica de exercícios destinados a coordenar a atividade física com a respiração, movimentação ativa e passiva dos membros superiores e inferiores, inclusive em pacientes hospitalizados, associação com a terapêutica inalatória.

O sucesso de um programa de reabilitação pulmonar depende da atenção a todos os componentes do processo patológico. Antes do início de um programa de exercícios, esforços são feitos para reduzir a resistência do fluxo e o trabalho da respiração através de broncodilatação e melhora da desobstrução das vias aéreas.

Técnicas manuais de percussão e tremor são úteis na mobilização de secreções das regiões pulmonares centrais, médias e periféricas na população com DPOC estável. Uma vez as secreções desprendidas e mobilizadas centralmente, os pacientes são instruídos nas técnicas apropriadas de limpeza das vias aéreas incluindo tosse e huffing. O huffing é útil, pois promove estabilização das vias aéreas, melhorando, portanto a limpeza eficaz das secreções.

Os exercícios respiratórios têm como objetivos na DPOC melhorar o desempenho do fole torácico aproveitando as reservas ventilatórias. Eles visam, portanto, melhorar o tônus e o desenvolvimento do diafragma e de grupos musculares das porções inferiores do tórax.

Esses exercícios incorporam técnicas que incluem: (1) o uso de posicionamento corporal para aumentar a vantagem mecânica do diafragma; (2) controle do padrão respiratório em repouso e durante exercício para diminuir a retenção de ar e o trabalho da respiração e (3) técnicas de relaxamento para diminuir o consumo de oxigênio e ajudar o paciente a ganhar autocontrole de seu padrão respiratório.
Estudos vêm demonstrando benefícios do treinamento da musculatura inspiratória em pacientes com DPOC, principalmente em relação ao aumento da capacidade de exercícios e redução da dispnéia. Um estudo recente (2004) avaliou os benefícios a curto e a longo prazo do treinamento da musculatura inspiratória na sua performance, na tolerância ao exercício e na percepção da dispnéia, e concluiu que pacientes portadores de DPOC submetidos a treinamento de força e resistência da musculatura inspiratória apresentaram melhora na performance dos exercícios, no teste de caminhada de 6mim e na sensação da dispnéia, sem melhoras significativas na espirometria. Os benefícios do treinamento declinam se houver suspensão dos exercícios.

O programa de treinamento físico pode ser dividido em quatro etapas:

1ª etapa: exercícios de aquecimento para membros superiores e inferiores, sem carga e com duração de 15 minutos ininterruptos, de acordo com a capacidade de cada paciente, consistindo de atividades calistênicas associadas ao ciclo respiratório;

2ª etapa: exercícios não sustentados de membros superiores, utilizando dois movimentos em diagonal com peso (halteres) durante dois minutos, com intervalo de tempo idêntico para repouso. O aumento semanal da carga estava condicionado à capacidade individual de cada paciente. O peso inicial a ser utilizado foi determinado previa e individualmente pelo teste incremental, com intuito de trabalhar inicialmente com 50% de carga máxima sustentada pelo paciente.

3ª etapa: treinamento de membros inferiores desenvolvido na bicicleta ergométrica com tempo predeterminado e evolução semanal. A potência a ser desenvolvida foi determinada individual e previamente ao início do programa, objetivando um trabalho de 50% da capacidade física máxima do indivíduo;

4ª etapa: posturas de alongamento da musculatura utilizada durante a sessão.

A maior propensão dos músculos ventilatórios à fadiga muscular torna cabível a introdução de períodos de repouso, alternados com a fisioterapia e, eventualmente, o treinamento muscular específico.

Um teste bastante utilizado nos programas de reabilitação pulmonar é o teste de caminhada dos 6 minutos (6MWD). Um estudo recente (2004) verificou as modificações do 6MWD ao longo do tempo e sua correlação com o VEF1 e com a mortalidade desses pacientes, concluindo que o 6MWD foi um índice melhor que o VEF1 em predizer a mortalidade dos pacientes portadores de DPOC nesse grupo de estudo. A melhor explicação para tal fato é que a distancia percorrida durante o 6MWD não depende apenas do aparelho respiratório, mas também da condição cardiopulmonar, nutricional e da musculatura periférica.

Junto ao programa de reabilitação física é realizado um programa de reabilitação psicológica. Essa reabilitação psicológica do paciente com DPOC é importante para que ele faça o tratamento medicamentoso corretamente. Por ser uma doença muito comum em homens de meia-idade, de certa forma, limitante, é comum haver depressão associada. Por isto, alguns pacientes acabam achando que o tratamento é pura perda de tempo. Não tomam seus remédios e continuam fumando. É claro que isto acaba piorando as condições clínicas, e o paciente se deprime ainda mais e isso se torna um ciclo vicioso. Ansiedade e a depressão são comuns em pacientes portadores de DPOC.

Intervenção da Fisioterapia durante a Ventilação Mecânica Não Invasiva

O papel do fisioterapeuta inclui desde a avaliação do paciente até a seleção do equipamento e montagem, adaptação do paciente à máscara e à maquina, educação do paciente e da família a respeito da terapia , além de monitoração contínua das respostas do paciente à terapia. Suas habilidades e conhecimentos a respeito de doença respiratória, além da experiência em avaliar a função ventilatória e suas manobras para promover o descanso dos músculos respiratórios fadigados, são fundamentais para uma boa condição para administração da VNI.

Quando se implementa o suporte ventilatório não–invasivo, o treinamento do paciente para adaptar a máscara e o fluxo do equipamento é essencial para sua aceitação. Os pacientes portadores de DPOC com hipercapnia e acidose respiratória podem se beneficiar de suporte ventilatório não invasivo, como CPAP e BIPAP. Em caso de insucesso, intubação e ventilação mecânica invasiva podem ser necessários.

Devem ser observadas medidas para diminuir a hiperinsuflação e o auto PEEP, tais como: utilização de freqüência respiratória baixa, baixo volume corrente (7 a 8 ml/kg), relação I/E aumentada, fluxo inspiratório alto, otimizando desse modo a expiração. A utilização de PEEP durante a ventilação mecânica deve ser criteriosa e nunca o valor da PEEP pode ser maior que o auto – PEEP.

Há também a necessidade de monitorização e ajuste do respirador para otimizar o suporte ventilatório e maximizar o seu conforto, o que exige um sólido conhecimento da fisiologia respiratória, assim como habilidade clínica em avaliar a resposta à terapia. A monitorização do paciente é essencial para o sucesso da técnica. Deve ser feita através de oximetria contínua e dióxido de carbono transcutâneo para avaliar as trocas gasosas.

Em pacientes com hipercapnia severa, é aconselhável a gasometria. Os parâmetros ventilatórios devem ser ajustados baseados nos resultados da gasometria arterial obtidos a cada hora, dependendo das condições clínicas do paciente. Além disso, as respostas subjetivas (dispnéia, conforto e estado mental) e objetivas (Fr, FC, FiO² e o uso dos músculos acessórios) e possíveis complicações (distensão abdominal , necrose facial, retenção de secreções, dificuldade respiratória , náuseas ou vômitos) devem ser monitorizadas.

O uso da VNI deve ser considerado como um coadjuvante para outras técnicas fisioterapêuticas, como parte de um programa global de reabilitação.

Fisioterapia respiratória na fibrose cística



A Fisioterapia Respiratória no tratamento da fibrose cística teve sua importância reconhecida na década de 50 sendo considerada desde então, como parte fundamental no tratamento diário desta.

Após o diagnóstico, um programa de fisioterapia respiratória já deve ser instituído o qual permanecerá por toda vida, inclusive naqueles pacientes clinicamente assintomáticos, já que existem evidências de que a obstrução e inflamação das pequenas vias aéreas existem mesmo antes do início dos sintomas.

Os efeitos da fisioterapia respiratória nos pacientes têm sido bastante documentados, com relatos de benefícios imediatos e tardios. Porém ainda existem muitas controvérsias quanto às técnicas utilizadas e seus efeitos, principalmente aquelas realizadas manualmente.

Condutas fisioterapêuticas

De acordo com a literatura, segue abaixo uma breve revisão das técnicas fisioterapêuticas desobstrutivas que são rotineiramente utilizadas no tratamento do paciente com fibrose cística.

- Drenagem postural

A drenagem postural tem sua principal fundamentação no princípio físico da ação da gravidade, a posição e o grau de inclinação irão variar de acordo com a área do pulmão a se drenada. O posicionamento específico segmentar das vias respiratória deve ser capaz de possibilitar que a gravidade atue na drenagem do excesso de secreção, fazendo com que esta se desloque das ramificações brônquicas segmentares para as lombares e a partir destas para os brônquios principais e traquéia para finalmente ser eliminada pela tosse. Técnicas como vibração, percussão, técnica de expiração forçada entre outras podem está associadas a drenagem postural com intuito de acelerar o deslocamento da secreção até as vias aéreas proximais.

Estudos demonstraram que os pacientes com fibrose cística expectoraram duas vezes mais secreções após realização de drenagem postural com percussão, vibração e tosse, do que quando utilizaram somente a tosse.

A função pulmonar foi avaliada imediatamente após a realização dessas técnicas e foi observado um aumento significativo no valor do Peak Flow, na capacidade vital forçada, no volume de reserva expiratório e da capacidade inspiratória. O aumento da capacidade vital forçada, de acordo com os autores, indica efetivamente que a drenagem postural melhora a ventilação pulmonar.

Estudos verificaram a associação da drenagem postural associada com a técnica de expiração forçada permitiu um aumento significativo dos valores espirométricos, produzindo assim evidências objetivas da melhora da função pulmonar.

- Percussão Manual e Mecânica

A percussão torácica proporciona a propagação de ondas de energia mecânica aplicadas na parede torácica para os pulmões. Acredita-se que com essa oscilação mecânica e o conseqüente aumento da pressão intratorácica, as secreções possam ser descoladas das paredes brônquicas, e deslocadas das regiões mais periféricas para as centrais, facilitando sua eliminação. Observou-se que a percussão contínua (com as duas mãos, com freqüência de 240 ciclos/minuto) é mais eficaz no descolamento do muco das paredes brônquicas do que a percussão intermitente (6 - 12 ciclos/minuto).

Um aumento do broncoespasmo durante o uso de técnicas torácicas manuais foi observado, entretanto, verifica-se que o uso exercícios de respiração profunda, da TEF e do ciclo ativo da respiração simultaneamente com o período de percussão pode prevenir a hipoxemia e o broncoespasmo.

O percussor mecânico foi introduzido no tratamento das doenças pulmonares crônicas, durante os anos 70, no intuito de promover maior independência do paciente. Foi relatado que o percussor mecânico pode ser um grande aliado para a melhora da qualidade do tratamento domiciliar, proporcionando uma maior independência a esses pacientes. Contudo, não foram observadas vantagens adicionais na utilização do percussor mecânico em paciente com fibrose cística.

- Vibração

A vibração consiste na aplicação de movimentos ritmados que se executam na parede torácica do paciente, apenas durante a fase expiratória, aumentando o nível de fluxo expiratório para se conseguir o deslocamento das secreções já soltas, conduzindo-a das vias aéreas de pequeno calibre para as de maior calibre, onde serão mais facilmente expectoradas através da tosse. Como a percussão, a vibração também pode ser realizada manualmente ou através de um vibrador mecânico. O vibrador mecânico possui a vantagem de dar a mesma freqüência de vibração em toda área do tórax, o que não é possível com a vibração manual. Para que a vibração manual possa ser efetiva, sua freqüência deve estar em torno de 12-16 Hz. A vibração mecânica pode promover um relaxamento dos músculos da parede torácica, que conseqüentemente leva a uma alteração na sua mecânica, permitindo uma maior efetividade na distribuição da ventilação e um aumento da relação ventilação/perfusão.

- Tosse

A tosse é uma ação reflexa de defesa do organismo e sua função é remover substâncias estranhas e secreção acumulada na árvore brônquica. Em indivíduos sem doença broncopulmonar, a tosse raramente ocorre e o sistema mucociliar é o responsável pela depuração. Quando a quantidade de secreção aumenta, como em doenças que cursam com hipersecretividade, a tosse torna-se um mecanismo adicional para a clearance mucociliar. No paciente com fibrose cística o mecanismo da tosse pode estar alterado devido à falta de hidratação das secreções, tornando-as espessas, contribuindo para sua impactação nas paredes brônquicas.

A tosse é a parte mais importante da terapia de higiene brônquica, já que a maioria das técnicas só ajuda a mover as secreções para as vias aéreas centrais. A tosse dirigida deve ser ensinada ao paciente visando diminuir as características da tosse espontânea, auxiliando na produção de uma tosse efetiva voluntária. O paciente deve ser instruído a um posicionamento adequado que auxilie no momento da tosse e a exercícios de controle da respiração (respiração diafragmática), que ajudam a assegurar que as fases de inspiração profunda sejam utilizadas evitando assim o colapso das vias aéreas.

Em estudo realizado foi verificado que a tosse sozinha foi no mínimo tão efetiva quanto a fisioterapia respiratória convencional (Drenagem postural, percussão, vibração) em relação a expectoração das secreção, entretanto vale lembrar que a tosse mais é efetiva nas vias aéreas centrais.

- Drenagem Autogênica

A drenagem autogênica é uma forma de auto-drenagem, onde é utilizada uma seqüência de técnicas respiratórias, alterando a velocidade e a profundidade da ventilação, promovendo oscilações dos calibres dos brônquios. O objetivo é obter um fluxo expiratório máximo nas diferentes gerações dos brônquios e com isso deslocar a secreção das regiões mais distais do pulmão para as mais centrais onde poderá ser expectorada. Porém essa técnica possui a desvantagem de ser limitada pela idade e pela capacidade de compreensão do paciente, pois é de difícil aprendizado e requer tempo e treinamento por um profissional experiente.

A drenagem autogênica é dividida em 3 fases: "desprender" o muco nas porções periféricas dos pulmões através de respirações com volume pulmonar muito baixo; "coletar" o muco nas vias aéreas médias por meio de respiração com volume pulmonar baixo; "evacuar" o muco para as vias aéreas centrais por meio de respirações com alto volume pulmonar. No final de cada inspiração há uma pausa respiratória de 2 a 3 segundo, que é importante para mantém as vias aéreas abertas por um período maior de tempo, possibilitando que o ar chegue por de trás das secreções nas vias aéreas de pequeno calibre.

Em estudo realizado a drenagem autogênica foi comparada à drenagem postural com percussão torácica, onde foi concluído, que a drenagem autogênica promoveu menor possibilidade de dessaturação, produzindo benefícios semelhantes ao da drenagem postural.

- Técnica de Expiração Forçada

A técnica de expiração forçada (TEF) consiste de um ou duas expirações forçadas, seguido de um período de relaxamento e respiração diafragmática controlada. As secreções mobilizadas alcançam a vias aéreas mais superiores e uma ou mais tosse são solicitadas para expectoração. Essa técnica tem como objetivo ajudar na mobilização das secreções através da manipulação das pressões torácicas e da dinâmica das vias aéreas.

Vários estudos têm demonstrado os benefícios dessa técnica na limpeza das vias aéreas e na melhora da função pulmonar. Em um desses estudos foi observado que a TEF associado a drenagem postural promoveu um aumento na expectoração em um menor período de tempo que a fisioterapia convencional e um aumento significativo do VEF1, CVF, Peak flow, pico de fluxo inspiratório, FEF 50% após o tratamento. Foi observado também que em pacientes com hiper-reatividade brônquica, a TEF associada a períodos de respiração controlada (ou diafragmática) não aumentou a obstrução do fluxo aéreo e nem provocou broncoespasmo, podendo ser benéfico para esses pacientes.

Os efeitos da TEF na fisioterapia respiratória convencional em oito pacientes, sendo seis com fibrose cística, demonstraram que o tratamento realizado com a TEF foi mais eficaz. Concluiu-se que em geral a técnica de expiração forçada aumenta a eficiência da drenagem postural. Além disso, essa técnica pode ser usada sem auxílio, promovendo assim maior independência ao paciente.

- Técnica do Ciclo Ativo da Respiração

A técnica do ciclo ativo da respiração consiste na combinação de técnicas de controle da respiração, exercícios de expansão torácicos associados ou não a vibração e percussão e técnica de expiração forçada.

Os exercícios de expansão torácica são necessários para aumentar o volume pulmonar e possibilitar que o ar chegue por de trás das secreções bronquiais, através do aumento da ventilação colateral. A expiração forçada ajudará na mobilização e na limpeza das secreções mais periféricas.

Estudo realizado comparou o uso da técnica do ciclo ativo da respiração com e sem o Flutter em um grupo de 16 pacientes com fibrose cística. Ambos os tratamentos resultaram em uma melhora no VEF1 e na saturação de oxigênio, porém no tratamento onde a ciclo ativo foi usado sozinho, houve um aumento significativo na expectoração.

- Flutter

O Flutter é um aparelho, semelhante a um cachimbo, composto de uma esfera de metal de alta densidade que repousa em um cone de plástico circular e uma tampa com vários orifícios. Essa esfera de metal oferece uma resistência ao ar expirado, abrindo e fechando a passagem de ar, promovendo uma pressão positiva expiratória (em torno de 5 a 35 cm H2O), uma vibração oscilatória da parede brônquica (8 a 26 Hz), além de uma aceleração intermitente do fluxo expiratório. A mudança da freqüência de oscilação depende do fluxo aéreo expiratório e da angulação que o instrumento é utilizado.

A eficácia do Flutter em comparação a fisioterapia convencional na limpeza das vias aéreas foi demonstrado que o Flutter pode ser tão efetivo quanto a fisioterapia respiratória convencional no tratamento dos pacientes com fibrose cística, além da efetividade na remoção das secreções, essa técnica pode promover uma maior independência no tratamento diário desses pacientes, podendo melhorar a aderência dos pacientes com a fisioterapia respiratória.

- Máscara Pressão Expiratória Positiva – EPAP

Este método consiste da aplicação de uma pressão positiva na expiração através de uma máscara onde é acoplada uma válvula, na qual a resistência expiratória será fixada (entre 5 a 20 cm H²O). Devido à pressão positiva expiratória, um maior volume de ar chega às vias aéreas periféricas durante a inspiração, evitando o colapso e permitindo a movimentação do ar por de trás dos tampões mucoso, pelo aumento da ventilação colateral. O aumento da pressão desloca o muco em direção às vias aéreas centrais, onde podem ser eliminados.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Propriedades do Sistema Respiratório




Propriedades dinâmicas do Sistema Respiratório

A pressão do sistema respiratório precisa vencer os componentes elásticos e resistivos do sistema respiratório. As características elásticas (complacência) e resistivas do sistema respiratório definem o seu comportamento dinâmico.

Características elásticas: a elasticidade é a propriedade da matéria que permite a um corpo retornar à sua forma original após ter sido deformado sob a aplicação de uma força. Os componentes elásticos do sistema respiratório são:

Complacência pulmonar: é o grau de elasticidade pulmonar; depende do volume e da pressão transpulmonar. Seu valor normal é de 0,2 l/cm H²O.

Complacência da caixa toráxica (tórax, diafragma, parede abdominal e mediastino): a complacência da caixa toráxica representa 34% do valor da complacência pulmonar. Uma complacência elevada implica em ventilação fácil e uma complacência baixa implica em ventilação difícil.

Características resistivas: os componentes que caracterizam a resistência do sistema respiratório são:

Resistência das vias aéreas: é a diferença de pressão entre os alvéolos e a boca, por unidade de fluxo aéreo. Representa a resistência das vias aéreas à passagem de fluxo (atrito das moléculas gasosas com as vias aéreas). Num adulto médio: 10cmH²O/l/s.

Resistência tecidual: causada pelo atrito do deslocamento dos tecidos pulmonares, da caixa toráxica, do diafragma e do addôme.
Num adulto jovem e normal, resistência tecidual representa 20% e a resistência das vias aérea, 80% da resistência pulmonar.

Propriedades estáticas do sistema respiratório

Volume corrente: é o volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal.

Volume de reserva inspiratória: é o volume máximo de ar que pode ser inspirado a partir da posição final da inspiração normal.

Volume de reserva expiratório: é o volume máximo de ar que pode ser expirado a partir da posição final da expiração normal.

Volume residual: é o volume de ar que permanece nos pulmões ao fim de uma expiração máxima.

Capacidade vital: é o volume de gás máximo que pode ser expirado após uma inspiração máxima.

Capacidade pulmonar total: é o volume máximo de extensão dos pulmões com o máximo esforço inspiratório possível.

Capacidade inspiratória: é o máximo volume que pode ser inspirado a partir de um nível expiratório de repouso.

Capacidade residual funcional: é o volume que permanece nos pulmões ao nível expiratório de repouso

ATELECTASIA PULMONAR


Sinônimos:
Colapso pulmonar.

O que é?
       É o colapso de parte ou de todo pulmão. Ou seja, o pulmão "murcha" numa parte ou na sua totalidade por um bloqueio na passagem do ar pelos brônquios de maior ou menor calibre (brônquio ou bronquíolo, respectivamente). Os brônquios são tubos que dão passagem ao ar, espalhando-o por todo o pulmão.

Como se desenvolve?
A atelectasia pode surgir por mecanismos diferentes.
       O acúmulo de secreções nos brônquios pode bloquear a passagem do ar, levando ao colapso parcial ou total do pulmão afetado.
      Quando algum objeto, inadvertidamente, entra na via aérea e chega ao brônquio, a atelectasia poderá ocorrer. Isto costuma acontecer mais com as crianças, quando engolem algum brinquedo ou outro objeto pequeno.
      Os tumores pulmonares podem crescer dentro de um brônquio ou pressioná-lo externamente, causando, em alguns casos, a atelectasia parcial ou total do pulmão.
     Pacientes que sofrem uma anestesia geral, que tem alguma doença pulmonar crônica ou que ficam muito tempo acamados podem, eventualmente, apresentar uma atelectasia.
     Num adulto, a atelectasia geralmente não é uma situação ameaçadora à vida, já que as partes do pulmão que não foram comprometidas fazem uma compensação da perda de função da área afetada. Por outro lado, a mesma situação num bebê ou numa criança pequena pode representar uma ameaça à vida.

O que se sente?
    Os sintomas associados a essa situação podem estar presentes ou não. Dependerá, principalmente, do tamanho da área afetada do pulmão e da presença ou não de doenças concorrentes. A atelectasia pulmonar poderá estar acompanhada de dor torácica, tosse ou dificuldade para respirar.

Como o médico faz o diagnóstico?
    Através de exames de imagem, como a radiografia ou tomografia computadorizada do tórax, o médico poderá fazer o diagnóstico. A atelectasia, ao exame físico do paciente, poderá ser suspeitada na minoria dos casos. Isto porque terá de haver um colapso pulmonar de uma área extensa do pulmão para que surjam alterações no exame físico.
    A broncoscopia - exame que observa a parte interna dos pulmões através de um aparelho flexível dotado de fibras ópticas e lentes - é capaz de detectar o bloqueio da passagem de ar (do brônquio) e sua causa.

Como se trata?
    O tratamento deverá ser escolhido de acordo com a causa da atelectasia, com o objetivo de expandir novamente ("inflar") o pulmão.
    Nos casos de acúmulo de secreções, a fisioterapia pulmonar para a mobilização das secreções e a broncoscopia para a aspiração dessas será o tratamento mais indicado.
    A fisioterapia poderá utilizar-se de exercícios respiratórios, tapotagem (pequenos golpes com os punhos nos pulmões), drenagem postural (colocando o indivíduo numa posição que favoreça a saída das secreções), cinesioterapia e vibradores.
    Quando houver alguma infecção bacteriana (por bactérias) associada ao excesso de secreções, os antibióticos deverão ser indicados. Além desses, os mucolíticos (medicamentos que facilitam a expectoração das secreções) poderão ser utilizados nas infecções respiratórias, sejam elas virais ou bacterianas.
    Nos casos de corpo estranho na via aérea (objetos), a broncoscopia deverá ser realizada para fazer a remoção. Se não for exitosa, a cirurgia deverá ser realizada.
    Quando a causa da atelectasia for um tumor, o tratamento dele deverá solucionar a atelectasia.

Como se previne?
     Manter os pequenos objetos longe do alcance das crianças é uma maneira de prevenir as atelectasias causadas por corpo estranho. Da mesma forma, os pais deverão ter cautela na escolha dos brinquedos que devem ser adequados à idade da criança.
     Evitar longos períodos deitado na cama também é importante para prevenção das atelectasias, principalmente após cirurgias. Neste mesmo sentido, a fisioterapia também poderá ser necessária. Ela pode ser utilizada para a prevenção das atelectasias.
    Nos adultos, principalmente idosos, deverão manter acompanhamento com dentista para que não ocorram aspiração de dente ou prótese mal fixada para os pulmões.

Complicações
    A pneumonia é uma complicação que pode se desenvolver poucos dias após o surgimento de uma atelectasia. Portanto, é importante a resolução do problema.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O que é Asma?


O que é Asma?


A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. Em indivíduos susceptíveis esta inflamação causa episódios recorrentes de tosse, chiado, aperto no peito, e dificuldade para respirar. A inflamação torna as vias aéreas sensíveis a estímulos tais como alérgenos, irritantes químicos, fumaça de cigarro, ar frio ou exercícios.
Quando expostos a estes estímulos, as vias aéreas ficam edemaciadas (inchadas), estreitas, cheias de muco e excessivamente sensíveis aos estímulos.



Classificação da intensidade da asma: (Global Initiative for Asthma, 2004)

A asma pode ser classificada como intermitente ou persistente. Dentro dos quadros persistentes são definidos diferentes níveis de intensidade da doença: leve, moderada ou grave.
Esta classificação se faz de acordo com a presença dos sintomas (freqüência e intensidade), o quanto interfere no dia-a-dia do asmático e, o comprometimento de sua função pulmonar.

Asma Intermitente:
    *Sintomas menos de uma vez por semana;
    *Crises de curta duração (leves);
    *Sintomas noturnos esporádicos (não mais do que duas vezes ao mês);
    *Provas de função pulmonar normal no período entre as crises.

Asma Persistente Leve:
    *Presença de sintomas pelo menos uma vez por semana, porém, menos de uma vez ao dia;
    *Presença de sintomas noturnos mais de duas vezes ao mês,porém, menos de uma vez por semana;
    *Provas de função pulmonar normal no período entre as crises.

Asma Persistente Moderada:
    *Sintomas diários;
    *As crises podem afetar as atividades diárias e o sono;
    *Presença de sintomas noturnos pelo menos uma vez por semana;
    *Provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE) ou volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF¹) >60% e < 80% do esperado.

Asma Persistente Grave:
  *Sintomas diários;
  *Crises freqüentes;
  *Sintomas noturnos freqüentes;
  *Provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE) ou volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF¹) > 60% do esperado.

CURIOSIDADE
  A palavra asma vem do grego "asthma", que significa "sufocante", "arquejante".

POR QUE TOSSIMOS?