Muitos tipos de gases – como o cloro, o fosgênio, o
dióxido de enxofre, o sulfato de hidrogênio, o dióxido de nitrogênio e a
amônia – podem ser liberados durante acidentes industriais e irritar
gravemente os pulmões. Gases como o cloro e a amônia dissolvem-se
facilmente e produzem irritação imediata da boca, do nariz e da
garganta. As partes inferiores dos pulmões somente são afetadas quando o
gás é inalado profundamente. Gases radioativos, liberados em acidentes
de reatores nucleares, podem causar, a longo prazo, câncer de pulmão e
de outras regiões do corpo.
Alguns gases – por exemplo, o dióxido de nitrogênio –
não se dissolvem com facilidade. Por essa razão, eles não produzem
sinais precoces da exposição, como irritação do nariz e dos olhos,
aumentando a possibilidade de serem inalados profundamente nos pulmões.
Esses gases podem causar inflamação das vias aéreas menores
(bronquiolite) ou causar um acúmulo de líquido nos pulmões (edema
pulmonar).
Na doença dos enchedores de silo – resultante da
inalação dos vapores que contêm dióxido de nitrogênio liberados pela
silagem úmida –, o acúmulo de líquido nos pulmões pode demorar até doze
horas após a exposição para ocorrer. O distúrbio pode apresentar uma
melhora temporária e, em seguida, recidivar dez ou catorze dias depois,
mesmo que não ocorram novos contatos com o gás.
A recorrência tende a afetar as pequenas vias aéreas
(bronquíolos). Em alguns indivíduos, a exposição a pequenas quantidades
de gás ou a outras substâncias químicas durante um período prolongado
pode acarretar uma bronquite crônica. Além disso, acredita-se que a
exposição a determinadas substâncias químicas, como compostos de
arsênico e hidrocarbonetos, seja responsável pelo câncer em alguns
indivíduos. O câncer pode ocorrer nos pulmões ou em outras partes do
corpo, dependendo da substância inalada.
Sintomas e Diagnóstico
Gases solúveis, como o cloro, causam graves queimaduras
nos olhos, no nariz, na garganta, na traquéia e nas grandes vias
aéreas. Freqüentemente, esses gases produzem tosse e sangue no escarro
(hemoptise). Também são freqüentes a náusea e a dificuldade
respiratória. Gases menos solúveis, como o dióxido de nitrogênio, causam
dificuldade respiratória, algumas vezes grave, após um período de três a
quatro horas. A radiografia torácica pode revelar a ocorrência de edema
pulmonar ou de bronquiolite.
Prognóstico, Prevenção e Tratamento
Quase todos os indivíduos apresentam uma recuperação
total da exposição acidental a gases. A complicação mais grave é a
infecção pulmonar. A melhor maneira para se prevenir a exposição é o
cuidado rigoroso durante a manipulação de gases e de substâncias
químicas. Máscaras de gás com provisão própria de ar devem estar
disponíveis para o caso de um vazamento acidental.
Os fazendeiros devem ser informados sobre o perigo da
exposição acidental a gases tóxicos em silos. A oxigenoterapia é o
principal tratamento. Se a lesão pulmonar for grave, o indivíduo pode
precisar de ventilação mecânica. As drogas que promovem a abertura das
vias aéreas, a infusão de líquidos por via intravenosa e a administração
de antibióticos podem ser úteis. Os corticosteróides, como a
prednisona, são freqüentemente prescritos para reduzir a inflamação
pulmonar.
A bissinose é um estreitamento das vias aéreas
provocado pela inalação de partículas de algodão, linho ou cânhamo. Nos
Estados Unidos e na Inglaterra, a bissinose ocorre quase exclusivamente
em indivíduos que trabalham com algodão não-processado, embora
indivíduos que trabalham com linho e cânhamo também possam apresentá-la.
Os mais afetados parecem ser os indivíduos cuja ocupação é abrir fardos
de algodão cru ou aqueles que trabalham nos primeiros estágios do
processamento do algodão. Aparentemente, algo presente no algodão cru
provoca o estreitamento das vias aéreas em indivíduos suscetíveis.
Sintomas e Diagnóstico
A bissinose pode causar sibilos e opressão no peito,
geralmente no primeiro dia de trabalho após uma folga. Ao contrário do
que ocorre na asma, os sintomas tendem a diminuir após exposições
repetidas, e a opressão torácica pode desaparecer no final da semana de
trabalho. Entretanto, após um indivíduo ter trabalhado com algodão
durante muitos anos, a opressão torácica pode persistir por dois ou três
dias de trabalho ou mesmo por toda a semana. A exposição prolongada à
poeira do algodão aumenta a freqüência dos sibilos, mas não evolui para
uma doença pulmonar incapacitante permanente. O diagnóstico é
estabelecido por meio de um teste que revela a redução da capacidade
pulmonar ao longo de um dia de trabalho. Normalmente, essa redução é
maior no primeiro dia de trabalho.
Prevenção e Tratamento
O controle da poeira é o melhor modo de evitar a
bissinose. Os sibilos e a opressão torácica podem ser tratados com as
mesmas drogas utilizadas no tratamento da asma. As drogas que promovem a
abertura das vias aéreas (broncodilatadoras) podem ser administradas
com o auxílio de um inalador (por exemplo, o albuterol) ou sob a forma
de comprimido (por exemplo, a teofilina).
A asma ocupacional é um espasmo reversível das vias
respiratórias causado pela inalação de partículas ou de vapores
existentes no ambiente de trabalho, que atuam como irritantes ou causam
uma reação alérgica. Muitas substâncias presentes no local de trabalho
podem causar espasmos das vias aéreas, tornando a respiração difícil.
Alguns indivíduos são particularmente sensíveis a irritantes presentes
no ar.
Sintomas
A asma ocupacional pode causar dificuldade
respiratória, sensação de opressão no peito, sibilos (chio de peito),
tosse, espirros, coriza e lacrimejamento. Contudo, em alguns indivíduos,
o único sintoma são os sibilos noturnos. Os sintomas podem ocorrer
durante a jornada de trabalho, mas, freqüentemente, eles começam apenas
algumas horas após o indivíduo ter terminado seu expediente. Além disso,
os sintomas podem aparecer e desaparecer durante uma semana ou mais
após a exposição. Por essa razão, é freqüentemente difícil estabelecer a
relação entre o ambiente de trabalho e os sintomas. Os sintomas
comumente tornam-se mais leves ou desaparecem nos finais de semana ou
durante os feriados. Eles pioram com a exposição repetida.
Diagnóstico
Para estabelecer o diagnóstico, o médico interroga o
paciente a respeito dos sintomas e da exposição a uma substância que
sabidamente causa a asma. Algumas vezes, a reação alérgica é detectada
através de um teste cutâneo (teste de contato), no qual uma pequena
quantidade da substância suspeita é aplicada sobre a pele. Quando o
estabelecimento do diagnóstico é mais difícil, o médico utiliza um teste
de provocação por inalação, no qual o paciente inala pequenas
quantidades da substância suspeita e é observada a ocorrência de sibilos
e de dificuldade respiratória. O indivíduo também é submetido a provas
da função pulmonar para verificar se existe uma diminuição da mesma.
Como as vias aéreas podem começar a estreitar antes que o indivíduo
apresente sintomas, um indivíduo com sintomas tardios pode utilizar um
dispositivo para monitorizar as vias aéreas enquanto trabalha. Esse
aparelho, um medidor de fluxo máximo, mensura a velocidade com que o
indivíduo expira o ar dos pulmões. Quando as vias aéreas estreitam, a
velocidade diminui acentuadamente, sugerindo asma ocupacional.
Prevenção e Tratamento
As indústrias que utilizam substâncias que podem causar
asma devem obedecer às normas de controle da poeiras e vapores. No
entanto, a eliminação de poeiras e vapores pode ser impossível. Os
trabalhadores com asma severa, quando possível, devem mudar de
atividade. A exposição contínua freqüentemente leva a um quadro de asma
mais grave e mais persistente. Os tratamentos são os mesmos utilizados
para os outros tipos de asma. Os medicamentos que promovem a abertura
das vias aéreas (broncodilatadores) podem ser administrados sob a forma
de inalador (por exemplo, o albuterol) ou de comprimido (por exemplo, a
teofilina). Para as crises graves, os corticosteróides (como a
prednisona) podem ser administrados por via oral durante um período
curto. Para o tratamento prolongado, o uso de corticosteróides inalados é
preferível.
A beriliose é uma inflamação pulmonar causada pela
inalação de poeira ou gases que contêm berílio. No passado, o berílio
era comumente extraído para ser utilizado nas indústrias eletrônicas e
químicas e na fabricação de lâmpadas fluorescentes. Atualmente, ele é
utilizado principalmente na indústria aeroespacial. Além dos
trabalhadores dessas indústrias, alguns indivíduos que habitam regiões
próximas a refinarias de berílio também apresentam beriliose.
A beriliose difere das outras doenças pulmonares, pois
os problemas pulmonares parecem ocorrer apenas em indivíduos sensíveis
ao berílio – cerca de 2% daqueles que entram em contato com a
substância. A doença pode afetar até mesmo indivíduos cuja exposição
tenha sido relativamente curta, e os sintomas podem demorar de dez a
vinte anos para se manifestarem.
Sintomas e Diagnóstico
Em alguns indivíduos, a beriliose ocorre subitamente
(beriliose aguda), principalmente sob a forma de uma inflamação pulmonar
(pneumonite). Os indivíduos com beriliose aguda apresentam um quadro
caracterizado por tosse, dificuldade respiratória e perda de peso. A
beriliose aguda também pode afetar a pele e os olhos. Outros indivíduos
apresentam beriliose crônica, na qual ocorre a formação de um tecido
anormal nos pulmões e o aumento de linfonodos.
Nesses indivídos, a tosse, a dificuldade respiratória e
a perda de peso ocorrem de forma gradual. O diagnóstico é baseado no
antecedente do indivíduo de exposição ao berílio, nos sintomas e nas
alterações características reveladas pela radiografia torácica. No
entanto, como as radiografias da beriliose assemelham-se às de uma outra
doença pulmonar, a sarcoidose, pode ser necessária a realização de
testes imunológicos adicionais.
Prognóstico e Tratamento
A beriliose aguda pode ser grave, ou mesmo fatal.
Entretanto, a maioria dos indivíduos recupera-se, apesar de, no início,
eles apresentarem- se gravemente doentes. Os pulmões perdem a
elasticidade e a função pulmonar é ruim. Com um tratamento adequado,
como a instituição de ventilação assistida e o uso de corticosteróides,
os indivíduos geralmente recuperam- se em sete ou dez dias, não
apresentando efeitos residuais. No entanto, se os pulmões apresentarem
um dano muito importante decorrente da beriliose crônica, o coração pode
ser sobrecarregado e, conseqüentemente, pode ocorrer insuficiência
cardíaca e morte. Algumas vezes, corticosteróides, como a prednisona
oral, são prescritos no tratamento da beriliose crônica, apesar de, na
maioria das vezes, eles não serem muito úteis.
A asbestose é a cicatrização disseminada do tecido
pulmonar causada pela aspiração de pó de asbesto (amianto). O asbesto é
composto por silicatos minerais fibrosos com diferentes composições
químicas. Quando inaladas, as fibras de asbesto depositam- se
profundamente nos pulmões, provocando a formação de cicatrizes.
A inalação de asbesto também pode acarretar o
espessamento das duas membranas que revestem os pulmões (pleura). Os
indivíduos que trabalham com asbesto apresentam risco de desenvolver uma
doença pulmonar. Os operários do setor de demolição, que trabalham em
edifícios com isolamento que contém asbesto, também correm risco, embora
menor. Quanto mais o indivíduo se expõe às fibras de asbesto, maior é o
risco de ele desenvolver uma doença relacionada a esse material.
Sintomas
Os sintomas da asbestose aparecem gradualmente, somente
após ter havido a formação de muitas cicatrizes e os pulmões terem
perdido a elasticidade. Os sintomas iniciais são uma dificuldade
respiratória discreta e a diminuição da capacidade de realizar
exercícios. Os tabagistas inveterados que apresentam bronquite crônica
concomitante com a asbestose podem apresentar tosse e sibilos.
A respiração torna-se cada vez mais difícil.
Aproximadamente 15% dos indivíduos com asbestose apresentam uma
dificuldade respiratória grave e insuficiência respiratória.
Ocasionalmente, a inalação de fibras de asbesto pode provocar o acúmulo
de líquido no espaço existente entre as duas membranas pleurais (espaço
pleural).
Em casos raros, o asbesto acarreta a formação de
tumores pleurais, denominados mesoteliomas pleurais, ou no peritôneo
(membrana que reveste o abdômen), denominados mesoteliomas peritoneais.
Os mesoteliomas causados pelo asbesto são cancerosos e não têm cura.
Mais comumente, os mesoteliomas desenvolvem- se após a exposição à
crocidolita, um dos quatro tipos de asbesto.
A amosita, um outro tipo, também causa mesoteliomas. A
crisotila provavelmente não causa mesoteliomas, mas algumas vezes ela é
contaminada pela tremolita, que seguramente é causadora desses tipos de
tumores. Geralmente, os mesoteliomas ocorrem trinta ou quarenta anos
após a exposição.
O câncer de pulmão está relacionado em parte ao grau de
exposição às fibras de asbesto. No entanto, entre os indivíduos com
asbestose, o câncer de pulmão ocorre quase exclusivamente nos que também
são tabagistas, sobretudo naqueles que consomem mais de um maço de
cigarros por dia.
Diagnóstico
Algumas vezes, em um indivíduo com história de
exposição ao asbesto, o médico diagnostica a asbestose por meio de uma
radiografia torácica que revela as alterações características.
Normalmente, o indivíduo também apresenta uma função pulmonar anormal e,
durante a ausculta pulmonar (realizada com o auxílio de um
estetoscópio), o médico pode detectar sons anormais denominados
estertores crepitantes.
Para determinar se um tumor pleural é canceroso, o
médico deve realizar uma biópsia (remoção de um pequeno fragmento de
pleura, que é enviado para exame microscópico). O líquido em torno dos
pulmões pode ser removido com o auxílio de uma agulha (procedimento
denominado toracocentese) e analisado. No entanto, esse procedimento não
é tão acurado quanto a biópsia.
Prevenção e Tratamento
As doenças causadas pela inalação de asbesto podem ser
evitadas com a minimização da poeira e fibras de asbesto no local de
trabalho. Atualmente, como as indústrias que usam asbesto melhoraram o
controle da poeira, uma menor quantidade de indivíduos vem apresentando
asbestose. No entanto, os mesoteliomas continuam a ocorrer em indivíduos
que estiveram expostos há quarenta anos.
O asbesto presente nas construções deveria ser removido
por profissionais treinados em técnicas seguras de remoção. Os
tabagistas que tiveram contato com o asbesto podem diminuir o risco de
câncer de pulmão abandonando o vício. A maioria dos tratamentos da
asbestose aliviam os sintomas. Por exemplo, a oxigenoterapia diminui a
dificuldade respiratória.
A drenagem do líquido acumulado em torno dos pulmões
pode facilitar a respiração. Em determinadas ocasiões, o transplante de
pulmão tem sido bemsucedido no tratamento da asbestose. Os mesoteliomas
são invariavelmente fatais. A quimioterapia não produz bons resultados e
a remoção cirúrgica do tumor não cura o câncer.
O pulmão negro (pneumoconiose dos mineiro de carvão) é
uma doença pulmonar causada por depósitos de pó de carvão nos pulmões. O
pulmão negro é conseqüência da aspiração de pó de carvão durante um
período prolongado. No caso de pulmão negro simples, o pó de carvão
acumula-se em torno das pequenas vias aéreas (bronquíolos) dos pulmões.
Apesar de ser relativamente inerte e incapaz de provocar reações
exageradas, o pó de carvão dissemina-se por todo o pulmão, o que é
revelado nas radiografias torácicas como pequenas manchas.
O pó de carvão não obstrui as vias aéreas. Apesar
disso, anualmente, 1 a 2% dos indivíduos com pulmão negro simples
evoluem para uma forma mais grave da doença, conhecida como fibrose
disseminada progressiva, na qual ocorre a formação de cicatrizes em
grandes áreas do pulmão (com pelo menos 1 centímetro de diâmetro). A
fibrose disseminada progressiva pode piorar mesmo após o indivíduo
interromper a exposição ao pó de carvão.
O tecido pulmonar e os vasos sangüíneos pulmonares
podem ser destruídos pelas cicatrizes. Na síndrome de Caplan, um
distúrbio raro que afeta mineiros de carvão que apresentam artrite
reumatóide, ocorre a formação rápida de grandes nódulos redondos de
tecido cicatricial nos pulmões. Esses nódulos podem formar-se em
indivíduos que não se expuseram de modo importante à poeira de carvão,
mesmo quando eles não apresentam pulmão negro.
Sintomas e Diagnóstico
Normalmente, o pulmão negro simples é assintomático
(não produz sintomas). No entanto, muitos indivíduos com essa doença
tossem e, facilmente, apresentam dificuldade respiratória, pois eles
também sofrem de enfisema (decorrente do tabagismo) ou bronquite (também
devida ao tabagismo ou à exposição tóxica a outros contaminantes
industriais). Por outro lado, os estágios graves da fibrose disseminada
progressiva produzem tosse e, freqüentemente, dificuldade respiratória
incapacitante.
O médico estabelece o diagnóstico após observar as
manchas características na radiografia torácica de um indivíduo que se
expôs ou vem se expondo ao pó de carvão há muito tempo. Geralmente,
trata-se de um indivíduo que trabalhou em minas subterrâneas durante
pelo menos dez anos.
Prevenção e Tratamento
O pulmão negro pode ser evitado com a supressão
adequada do pó de carvão do local de trabalho. Os mineiros de carvão
devem realizar um exame radiográfico a cada quatro ou cinco anos, de
modo que a doença possa ser detectada no seu estágio inicial. No caso de
ela ser detectada, o trabalhador deve ser transferido para uma área
onde a concentração de pó de carvão seja baixa, visando evitar o
desenvolvimento da fibrose disseminada progressiva. Como o pulmão negro
não tem cura, a prevenção é fundamental.
O indivíduo que apresenta dificuldade respiratória
grave pode beneficiarse dos tratamentos utilizados na doença pulmonar
obstrutiva crônica, como o tratamento medicamentoso para manter as vias
aéreas desobstruídas e livres de secreções.
A silicose é a formação de cicatrizes permanentes nos
pulmões provocada pela inalação do pó de sílica (quartzo). A silicose, a
mais antiga doença ocupacional conhecida, ocorre em indivíduos que
inalaram pó de sílica durante muitos anos. A sílica é o principal
constituinte da areia, e, por essa razão, a exposição a essa substância é
comum entre os trabalhadores de minas de metais, os cortadores de
arenito e de granito, os operários de fundições e os ceramistas.
Normalmente, os sintomas manifestam-se somente após vinte a trinta anos
de exposição ao pó.
No entanto, em ocupações que envolvem a utilização de
jatos de areia, a escavação de túneis e a produção de sabões abrasivos,
que produzem quantidades elevadas de pó de sílica, os sintomas podem
ocorrer em menos de dez anos. Quando inalado, o pó de sílica atinge os
pulmões, onde os fagócitos (p.ex., macrófagos) “engolem” as partículas.
As enzimas liberadas pelos fagócitos provocam a formação de tecido
cicatricial nos pulmões. Inicialmente, as áreas cicatriciais são
pequenas protuberâncias arredondadas (silicose nodular simples), mas,
finalmente, essas protuberâncias podem aglomerar- se, formando grandes
massas (silicose conglomerada). Essas áreas cicatriciais não permitem a
passagem normal de oxigênio ao sangue. Os pulmões perdem a elasticidade e
a respiração exige um maior esforço.
Sintomas e Diagnóstico
Os indivíduos com silicose nodular simples não
apresentam dificuldade para respirar, mas apresentam tosse e escarro em
decorrência da irritação das grandes vias aéreas, uma condição
denominada bronquite. A silicose conglomerada pode produzir tosse,
produção de escarro e dificuldade respiratória grave. No início, a
dificuldade respiratória pode ocorrer somente durante a realização de
exercícios, mas, no estágio final, ela ocorre mesmo durante o repouso.
A respiração pode piorar de dois a cinco anos após o
indivíduo haver parado de trabalhar com a sílica. A lesão pulmonar
sobrecarrega o coração e, algumas vezes, acarreta a insuficiência
cardíaca, potencialmente letal. Além disso, quando os indivíduos com
silicose são expostos ao agente causador da tuberculose (Mycobacterium
tuberculosis), a probabilidade de contraírem a infecção é três vezes
maior do que a dos indivíduos que não sofrem de silicose. O diagnóstico
de silicose é estabelecido quando um indivíduo que trabalhou com sílica
apresenta uma radiografia torácica com os padrões característicos de
cicatrização e nódulos.
Prevenção
O controle da poeira no local de trabalho pode ajudar a
evitar a silicose. Quando ela não pode ser controlada, como no caso das
atividades que utilizam jatos de areia, os trabalhadores devem vestir
capacetes que forneçam ar externo puro ou máscaras que filtrem
completamente as partículas. Esse tipo de proteção pode não estar
disponível para todos os indivíduos que trabalham na área poeirenta
(p.ex., para pintores e soldadores) e, por essa razão, quando possível,
deve ser utilizado um outro abrasivo que não a areia.
Os operários expostos ao pó de sílica devem realizar
regularmente uma radiografia torácica – a cada seis meses para os
operários que trabalham com jato de areia e a cada dois a cinco anos
para os demais operários –, para que os problemas sejam detectados
precocemente. Se as radiografias indicarem a presença de silicose, o
médico provavelmente irá orientar o indivíduo a evitar a exposição
contínua à sílica.
Tratamento
Apesar da silicose não ter cura, a interrupção da
exposição à sílica em um estágio inicial da doença pode interromper a
evolução da mesma. O indivíduo com dificuldade respiratória pode
beneficiar-se com os tratamentos utilizados para a doença pulmonar
obstrutiva crônica, como a terapia medicamentosa que visa manter as vias
aéreas desobstruídas e livres de secreções. Como os indivíduos com
silicose apresentam um alto risco de tuberculose, elas devem submeterse a
exames de controle regulares que incluam um teste cutâneo para a
tuberculose.
Tórax cifótico e cifoescoliótico: além da cifose apresenta uma escoliose
Tórax cariniforme ou de pombo ou em quilha (pectus carinatum):Esterno proeminente e as costelas horizontalizadas Congênita ou adquirida (ex. raquitismo na infância)
Tórax infundibuliforme ou de sapateiro (pectus escavatum):Depressão na parte inferior do esterno Congênita
Tórax em tonel ou enfisematoso: aumento acentuado do diâmetro ântero-posterior
Ouvir ruídos normais e anormais que se produzem no aparelho respiratório
Forma padronizada Pede-se respiração oral e tranqüila Realizar de ápice para base De forma comparativa e simétrica Região anterior e posterior do tórax
Murmúrio Vesicular: sons normais Ruídos Adventícios: sons anormais
Secos: 1. Cornagem, estridor; 2. Roncos: secreção 3. Sibilos: semelhantes a ruídos musicais ou sussurrantes.
Úmidos: 1.
Estertores Crepitantes: associado a líquido presente em vias de pequeno
calibre ou ate mesmo intra-alveolar (ex: esfrega-se uma mecha de
cabelos contra os dedos) 2. Estertores Subcrepitantes: Vias de médio calibre
Traqueal - audível sobre a traquéia, é um ruído intenso (como se assoprasse dentro de um tubo).
Brônquico – som traqueal audível na zona de projeção de brônquios de maior calibre – face anterior do tórax, próximo ao esterno.
Vesicular ou murmúrio vesicular - é produzido pela turbulência do ar ao chocar-se contra saliências das bifurcações brônquicas.
Roncos –
vibrações das paredes brônquicas e conteúdo gasoso. Sons graves de
baixa freqüência, contínuos, escutados nas vias aéreas maiores.
Sibilos – vibrações das paredes bronquiolares e conteúdo gasoso.Sons agudos Ex: bronquite, crises asmáticas.
Estridor – som produzido pela semi-obstrução da laringe ou traquéia
Estertores finos ou Crepitantes – - auscultado no final da fase inspiratória - não se alteram com a tosse Ex: pneumonia, edema agudo (fase inicial).
Ruído semelhante: friccionar feixe de cabelos destruição de folhas secas
Subcrepitantes ou bolhosos –
- auscultado no início da inspiração e toda expiração - alteram-se pela tosse. Ex: bronquites, bronquiectasias.
O Peak Flow Meter (aparelho espirométrico) é um instrumento que serve
para medir a eficácia da função pulmonar e indica como estão abertas as
vias respiratórias e o quão difícil é respirar. É um aparelho pequeno,
portátil e econômico, que mede o fluxo de ar ou a taxa de fluxo
expiratório máximo, sendo de grande utilidade para os asmáticos.
Quando usar o Peak Flow?
O Peak Flow Meter é utilizado para:
• Diagnosticar a asma;
• Avaliar a severidade da doença;
• Monitorizar a evolução da asma e registrar dados objetivos e regulares que servirão de apoio ao médico assistente;
• Verificar a resposta à medicação;
• Prevenir futuras crises.
Este instrumento constitui uma preciosa mais-valia para o controle e
manutenção da asma, sendo um excelente apoio para os pais que controlam a
asma dos seus filhos. Assim como se utiliza eventualmente um termômetro
para medir a temperatura corporal, utiliza-se o aparelho de Peak Flow
para monitorar o fluxo de ar de quem sofre com asmas, rinites,
bronquites e outros distúrbios que atrapalham ou bloqueiam a total
função pulmonar. Não custa absolutamente nada caro e pela grande valia,
todos deveriam ter um em casa.
Como usar o Peak Flow?
• Certifique-se de que o “contador” está à zero;
• Coloque-se de pé;
• Inspire o mais profundamente possível;
• Coloque o medidor na boca e aperte a boquilha com os lábios para evitar que o ar se escape para fora do medidor;
• Sopre o mais forte e rapidamente que conseguir, durante 2 segundos;
• Não tussa nem bloqueie a boquilha com saliva ou com a língua;
• Anote o valor obtido;
• Repita o processo mais duas vezes e anote o valor mais elevado no seu registro (os três valores obtidos devem ser similares);
• Cumpra as indicações de limpeza do seu aparelho de Peak Flow Meter para garantir a precisão das leituras futuras.
O fluxo de ar expirado considerado “normal” varia de acordo com a
idade, sexo e altura da pessoa. O asmático deve tomar como referência o
melhor valor que conseguir obter num espaço de 2 a 3 semanas, antes de
iniciar o plano de controlo. Para obter esse valor:
• Use sempre o mesmo Peak Flow Meter que está habituado (marca e modelo);
• Anote o fluxo máximo todos os dias, durante 7 ou 14 ou 21 dias;
• Ignore valores muito díspares.
O melhor valor pessoal vai sofrendo alterações ao longo da evolução
da doença (e do crescimento, no caso das crianças). O médico vai
atualizar o valor de referência com alguma regularidade.
Tomando como ponto de partida o melhor valor pessoal (100%), o asmático deve manter os resultados acima dos 80%.
Para uma melhor orientação, pode usar um sistema de semáforo: (no próprio aparelho)
Verde – Asma bem controlada
Valores entre os 80 e os 100%; Não apresenta sintomas; Deve manter o
programa de controlo; O médico pode considerar reduzir gradualmente a
medicação.
Amarelo – Atenção
Valores entre os 50 e os 80%; A doença está a piorar e pode haver
sintomas; Deve aumentar a medicação de manutenção. Siga as instruções
prévias do médico ou entre em contacto com ele, caso tenha dúvidas.
Vermelho – Perigo!
Valores abaixo dos 50%; Use um broncodilatador para alívio dos sintomas;
Aguarde e volte a utilizar o peak-flow meter (debitómetro); Se as
leituras não melhorarem (passando, pelo menos, para o nível amarelo)
contacte o médico; A terapia de manutenção tem de ser aumentada.
Onde comprar um aparelho de Peak Flow?
Nas farmácias e drogarias. Normalmente pode-se comprar um aparelho de
Peak Flow Meter nos mesmos lugares onde se compram termômetros.
A fisioterapia pulmonar constitui componente de grande valor do tratamento das DPOCs. O plano fisioterapêutico visa oferecer o melhor comportamento funcional do paciente, sendo útil o seu início o mais precocemente possível. Consta de exercícios respiratórios, exercícios de tosse, drenagem postural de todos os segmentos pulmonares, técnicas de percussão torácica associados à drenagem postural, pratica de exercícios destinados a coordenar a atividade física com a respiração, movimentação ativa e passiva dos membros superiores e inferiores, inclusive em pacientes hospitalizados, associação com a terapêutica inalatória.
O sucesso de um programa de reabilitação pulmonar depende da atenção a todos os componentes do processo patológico. Antes do início de um programa de exercícios, esforços são feitos para reduzir a resistência do fluxo e o trabalho da respiração através de broncodilatação e melhora da desobstrução das vias aéreas.
Técnicas manuais de percussão e tremor são úteis na mobilização de secreções das regiões pulmonares centrais, médias e periféricas na população com DPOC estável. Uma vez as secreções desprendidas e mobilizadas centralmente, os pacientes são instruídos nas técnicas apropriadas de limpeza das vias aéreas incluindo tosse e huffing. O huffing é útil, pois promove estabilização das vias aéreas, melhorando, portanto a limpeza eficaz das secreções.
Os exercícios respiratórios têm como objetivos na DPOC melhorar o desempenho do fole torácico aproveitando as reservas ventilatórias. Eles visam, portanto, melhorar o tônus e o desenvolvimento do diafragma e de grupos musculares das porções inferiores do tórax.
Esses exercícios incorporam técnicas que incluem: (1) o uso de posicionamento corporal para aumentar a vantagem mecânica do diafragma; (2) controle do padrão respiratório em repouso e durante exercício para diminuir a retenção de ar e o trabalho da respiração e (3) técnicas de relaxamento para diminuir o consumo de oxigênio e ajudar o paciente a ganhar autocontrole de seu padrão respiratório.
Estudos vêm demonstrando benefícios do treinamento da musculatura inspiratória em pacientes com DPOC, principalmente em relação ao aumento da capacidade de exercícios e redução da dispnéia. Um estudo recente (2004) avaliou os benefícios a curto e a longo prazo do treinamento da musculatura inspiratória na sua performance, na tolerância ao exercício e na percepção da dispnéia, e concluiu que pacientes portadores de DPOC submetidos a treinamento de força e resistência da musculatura inspiratória apresentaram melhora na performance dos exercícios, no teste de caminhada de 6mim e na sensação da dispnéia, sem melhoras significativas na espirometria. Os benefícios do treinamento declinam se houver suspensão dos exercícios.
O programa de treinamento físico pode ser dividido em quatro etapas:
1ª etapa: exercícios de aquecimento para membros superiores e inferiores, sem carga e com duração de 15 minutos ininterruptos, de acordo com a capacidade de cada paciente, consistindo de atividades calistênicas associadas ao ciclo respiratório;
2ª etapa: exercícios não sustentados de membros superiores, utilizando dois movimentos em diagonal com peso (halteres) durante dois minutos, com intervalo de tempo idêntico para repouso. O aumento semanal da carga estava condicionado à capacidade individual de cada paciente. O peso inicial a ser utilizado foi determinado previa e individualmente pelo teste incremental, com intuito de trabalhar inicialmente com 50% de carga máxima sustentada pelo paciente.
3ª etapa: treinamento de membros inferiores desenvolvido na bicicleta ergométrica com tempo predeterminado e evolução semanal. A potência a ser desenvolvida foi determinada individual e previamente ao início do programa, objetivando um trabalho de 50% da capacidade física máxima do indivíduo;
4ª etapa: posturas de alongamento da musculatura utilizada durante a sessão.
A maior propensão dos músculos ventilatórios à fadiga muscular torna cabível a introdução de períodos de repouso, alternados com a fisioterapia e, eventualmente, o treinamento muscular específico.
Um teste bastante utilizado nos programas de reabilitação pulmonar é o teste de caminhada dos 6 minutos (6MWD). Um estudo recente (2004) verificou as modificações do 6MWD ao longo do tempo e sua correlação com o VEF1 e com a mortalidade desses pacientes, concluindo que o 6MWD foi um índice melhor que o VEF1 em predizer a mortalidade dos pacientes portadores de DPOC nesse grupo de estudo. A melhor explicação para tal fato é que a distancia percorrida durante o 6MWD não depende apenas do aparelho respiratório, mas também da condição cardiopulmonar, nutricional e da musculatura periférica.
Junto ao programa de reabilitação física é realizado um programa de reabilitação psicológica. Essa reabilitação psicológica do paciente com DPOC é importante para que ele faça o tratamento medicamentoso corretamente. Por ser uma doença muito comum em homens de meia-idade, de certa forma, limitante, é comum haver depressão associada. Por isto, alguns pacientes acabam achando que o tratamento é pura perda de tempo. Não tomam seus remédios e continuam fumando. É claro que isto acaba piorando as condições clínicas, e o paciente se deprime ainda mais e isso se torna um ciclo vicioso. Ansiedade e a depressão são comuns em pacientes portadores de DPOC.
Intervenção da Fisioterapia durante a Ventilação Mecânica Não Invasiva
O papel do fisioterapeuta inclui desde a avaliação do paciente até a seleção do equipamento e montagem, adaptação do paciente à máscara e à maquina, educação do paciente e da família a respeito da terapia , além de monitoração contínua das respostas do paciente à terapia. Suas habilidades e conhecimentos a respeito de doença respiratória, além da experiência em avaliar a função ventilatória e suas manobras para promover o descanso dos músculos respiratórios fadigados, são fundamentais para uma boa condição para administração da VNI.
Quando se implementa o suporte ventilatório não–invasivo, o treinamento do paciente para adaptar a máscara e o fluxo do equipamento é essencial para sua aceitação. Os pacientes portadores de DPOC com hipercapnia e acidose respiratória podem se beneficiar de suporte ventilatório não invasivo, como CPAP e BIPAP. Em caso de insucesso, intubação e ventilação mecânica invasiva podem ser necessários.
Devem ser observadas medidas para diminuir a hiperinsuflação e o auto PEEP, tais como: utilização de freqüência respiratória baixa, baixo volume corrente (7 a 8 ml/kg), relação I/E aumentada, fluxo inspiratório alto, otimizando desse modo a expiração. A utilização de PEEP durante a ventilação mecânica deve ser criteriosa e nunca o valor da PEEP pode ser maior que o auto – PEEP.
Há também a necessidade de monitorização e ajuste do respirador para otimizar o suporte ventilatório e maximizar o seu conforto, o que exige um sólido conhecimento da fisiologia respiratória, assim como habilidade clínica em avaliar a resposta à terapia. A monitorização do paciente é essencial para o sucesso da técnica. Deve ser feita através de oximetria contínua e dióxido de carbono transcutâneo para avaliar as trocas gasosas.
Em pacientes com hipercapnia severa, é aconselhável a gasometria. Os parâmetros ventilatórios devem ser ajustados baseados nos resultados da gasometria arterial obtidos a cada hora, dependendo das condições clínicas do paciente. Além disso, as respostas subjetivas (dispnéia, conforto e estado mental) e objetivas (Fr, FC, FiO² e o uso dos músculos acessórios) e possíveis complicações (distensão abdominal , necrose facial, retenção de secreções, dificuldade respiratória , náuseas ou vômitos) devem ser monitorizadas.
O uso da VNI deve ser considerado como um coadjuvante para outras técnicas fisioterapêuticas, como parte de um programa global de reabilitação.
A Fisioterapia Respiratória no tratamento da fibrose cística teve sua importância reconhecida na década de 50 sendo considerada desde então, como parte fundamental no tratamento diário desta.
Após o diagnóstico, um programa de fisioterapia respiratória já deve ser instituído o qual permanecerá por toda vida, inclusive naqueles pacientes clinicamente assintomáticos, já que existem evidências de que a obstrução e inflamação das pequenas vias aéreas existem mesmo antes do início dos sintomas.
Os efeitos da fisioterapia respiratória nos pacientes têm sido bastante documentados, com relatos de benefícios imediatos e tardios. Porém ainda existem muitas controvérsias quanto às técnicas utilizadas e seus efeitos, principalmente aquelas realizadas manualmente.
Condutas fisioterapêuticas
De acordo com a literatura, segue abaixo uma breve revisão das técnicas fisioterapêuticas desobstrutivas que são rotineiramente utilizadas no tratamento do paciente com fibrose cística.
- Drenagem postural
A drenagem postural tem sua principal fundamentação no princípio físico da ação da gravidade, a posição e o grau de inclinação irão variar de acordo com a área do pulmão a se drenada. O posicionamento específico segmentar das vias respiratória deve ser capaz de possibilitar que a gravidade atue na drenagem do excesso de secreção, fazendo com que esta se desloque das ramificações brônquicas segmentares para as lombares e a partir destas para os brônquios principais e traquéia para finalmente ser eliminada pela tosse. Técnicas como vibração, percussão, técnica de expiração forçada entre outras podem está associadas a drenagem postural com intuito de acelerar o deslocamento da secreção até as vias aéreas proximais.
Estudos demonstraram que os pacientes com fibrose cística expectoraram duas vezes mais secreções após realização de drenagem postural com percussão, vibração e tosse, do que quando utilizaram somente a tosse.
A função pulmonar foi avaliada imediatamente após a realização dessas técnicas e foi observado um aumento significativo no valor do Peak Flow, na capacidade vital forçada, no volume de reserva expiratório e da capacidade inspiratória. O aumento da capacidade vital forçada, de acordo com os autores, indica efetivamente que a drenagem postural melhora a ventilação pulmonar.
Estudos verificaram a associação da drenagem postural associada com a técnica de expiração forçada permitiu um aumento significativo dos valores espirométricos, produzindo assim evidências objetivas da melhora da função pulmonar.
- Percussão Manual e Mecânica
A percussão torácica proporciona a propagação de ondas de energia mecânica aplicadas na parede torácica para os pulmões. Acredita-se que com essa oscilação mecânica e o conseqüente aumento da pressão intratorácica, as secreções possam ser descoladas das paredes brônquicas, e deslocadas das regiões mais periféricas para as centrais, facilitando sua eliminação. Observou-se que a percussão contínua (com as duas mãos, com freqüência de 240 ciclos/minuto) é mais eficaz no descolamento do muco das paredes brônquicas do que a percussão intermitente (6 - 12 ciclos/minuto).
Um aumento do broncoespasmo durante o uso de técnicas torácicas manuais foi observado, entretanto, verifica-se que o uso exercícios de respiração profunda, da TEF e do ciclo ativo da respiração simultaneamente com o período de percussão pode prevenir a hipoxemia e o broncoespasmo.
O percussor mecânico foi introduzido no tratamento das doenças pulmonares crônicas, durante os anos 70, no intuito de promover maior independência do paciente. Foi relatado que o percussor mecânico pode ser um grande aliado para a melhora da qualidade do tratamento domiciliar, proporcionando uma maior independência a esses pacientes. Contudo, não foram observadas vantagens adicionais na utilização do percussor mecânico em paciente com fibrose cística.
- Vibração
A vibração consiste na aplicação de movimentos ritmados que se executam na parede torácica do paciente, apenas durante a fase expiratória, aumentando o nível de fluxo expiratório para se conseguir o deslocamento das secreções já soltas, conduzindo-a das vias aéreas de pequeno calibre para as de maior calibre, onde serão mais facilmente expectoradas através da tosse. Como a percussão, a vibração também pode ser realizada manualmente ou através de um vibrador mecânico. O vibrador mecânico possui a vantagem de dar a mesma freqüência de vibração em toda área do tórax, o que não é possível com a vibração manual. Para que a vibração manual possa ser efetiva, sua freqüência deve estar em torno de 12-16 Hz. A vibração mecânica pode promover um relaxamento dos músculos da parede torácica, que conseqüentemente leva a uma alteração na sua mecânica, permitindo uma maior efetividade na distribuição da ventilação e um aumento da relação ventilação/perfusão.
- Tosse
A tosse é uma ação reflexa de defesa do organismo e sua função é remover substâncias estranhas e secreção acumulada na árvore brônquica. Em indivíduos sem doença broncopulmonar, a tosse raramente ocorre e o sistema mucociliar é o responsável pela depuração. Quando a quantidade de secreção aumenta, como em doenças que cursam com hipersecretividade, a tosse torna-se um mecanismo adicional para a clearance mucociliar. No paciente com fibrose cística o mecanismo da tosse pode estar alterado devido à falta de hidratação das secreções, tornando-as espessas, contribuindo para sua impactação nas paredes brônquicas.
A tosse é a parte mais importante da terapia de higiene brônquica, já que a maioria das técnicas só ajuda a mover as secreções para as vias aéreas centrais. A tosse dirigida deve ser ensinada ao paciente visando diminuir as características da tosse espontânea, auxiliando na produção de uma tosse efetiva voluntária. O paciente deve ser instruído a um posicionamento adequado que auxilie no momento da tosse e a exercícios de controle da respiração (respiração diafragmática), que ajudam a assegurar que as fases de inspiração profunda sejam utilizadas evitando assim o colapso das vias aéreas.
Em estudo realizado foi verificado que a tosse sozinha foi no mínimo tão efetiva quanto a fisioterapia respiratória convencional (Drenagem postural, percussão, vibração) em relação a expectoração das secreção, entretanto vale lembrar que a tosse mais é efetiva nas vias aéreas centrais.
- Drenagem Autogênica
A drenagem autogênica é uma forma de auto-drenagem, onde é utilizada uma seqüência de técnicas respiratórias, alterando a velocidade e a profundidade da ventilação, promovendo oscilações dos calibres dos brônquios. O objetivo é obter um fluxo expiratório máximo nas diferentes gerações dos brônquios e com isso deslocar a secreção das regiões mais distais do pulmão para as mais centrais onde poderá ser expectorada. Porém essa técnica possui a desvantagem de ser limitada pela idade e pela capacidade de compreensão do paciente, pois é de difícil aprendizado e requer tempo e treinamento por um profissional experiente.
A drenagem autogênica é dividida em 3 fases: "desprender" o muco nas porções periféricas dos pulmões através de respirações com volume pulmonar muito baixo; "coletar" o muco nas vias aéreas médias por meio de respiração com volume pulmonar baixo; "evacuar" o muco para as vias aéreas centrais por meio de respirações com alto volume pulmonar. No final de cada inspiração há uma pausa respiratória de 2 a 3 segundo, que é importante para mantém as vias aéreas abertas por um período maior de tempo, possibilitando que o ar chegue por de trás das secreções nas vias aéreas de pequeno calibre.
Em estudo realizado a drenagem autogênica foi comparada à drenagem postural com percussão torácica, onde foi concluído, que a drenagem autogênica promoveu menor possibilidade de dessaturação, produzindo benefícios semelhantes ao da drenagem postural.
- Técnica de Expiração Forçada
A técnica de expiração forçada (TEF) consiste de um ou duas expirações forçadas, seguido de um período de relaxamento e respiração diafragmática controlada. As secreções mobilizadas alcançam a vias aéreas mais superiores e uma ou mais tosse são solicitadas para expectoração. Essa técnica tem como objetivo ajudar na mobilização das secreções através da manipulação das pressões torácicas e da dinâmica das vias aéreas.
Vários estudos têm demonstrado os benefícios dessa técnica na limpeza das vias aéreas e na melhora da função pulmonar. Em um desses estudos foi observado que a TEF associado a drenagem postural promoveu um aumento na expectoração em um menor período de tempo que a fisioterapia convencional e um aumento significativo do VEF1, CVF, Peak flow, pico de fluxo inspiratório, FEF 50% após o tratamento. Foi observado também que em pacientes com hiper-reatividade brônquica, a TEF associada a períodos de respiração controlada (ou diafragmática) não aumentou a obstrução do fluxo aéreo e nem provocou broncoespasmo, podendo ser benéfico para esses pacientes.
Os efeitos da TEF na fisioterapia respiratória convencional em oito pacientes, sendo seis com fibrose cística, demonstraram que o tratamento realizado com a TEF foi mais eficaz. Concluiu-se que em geral a técnica de expiração forçada aumenta a eficiência da drenagem postural. Além disso, essa técnica pode ser usada sem auxílio, promovendo assim maior independência ao paciente.
- Técnica do Ciclo Ativo da Respiração
A técnica do ciclo ativo da respiração consiste na combinação de técnicas de controle da respiração, exercícios de expansão torácicos associados ou não a vibração e percussão e técnica de expiração forçada.
Os exercícios de expansão torácica são necessários para aumentar o volume pulmonar e possibilitar que o ar chegue por de trás das secreções bronquiais, através do aumento da ventilação colateral. A expiração forçada ajudará na mobilização e na limpeza das secreções mais periféricas.
Estudo realizado comparou o uso da técnica do ciclo ativo da respiração com e sem o Flutter em um grupo de 16 pacientes com fibrose cística. Ambos os tratamentos resultaram em uma melhora no VEF1 e na saturação de oxigênio, porém no tratamento onde a ciclo ativo foi usado sozinho, houve um aumento significativo na expectoração.
- Flutter
O Flutter é um aparelho, semelhante a um cachimbo, composto de uma esfera de metal de alta densidade que repousa em um cone de plástico circular e uma tampa com vários orifícios. Essa esfera de metal oferece uma resistência ao ar expirado, abrindo e fechando a passagem de ar, promovendo uma pressão positiva expiratória (em torno de 5 a35 cm H2O), uma vibração oscilatória da parede brônquica (8 a 26 Hz), além de uma aceleração intermitente do fluxo expiratório. A mudança da freqüência de oscilação depende do fluxo aéreo expiratório e da angulação que o instrumento é utilizado.
A eficácia do Flutter em comparação a fisioterapia convencional na limpeza das vias aéreas foi demonstrado que o Flutter pode ser tão efetivo quanto a fisioterapia respiratória convencional no tratamento dos pacientes com fibrose cística, além da efetividade na remoção das secreções, essa técnica pode promover uma maior independência no tratamento diário desses pacientes, podendo melhorar a aderência dos pacientes com a fisioterapia respiratória.
- Máscara Pressão Expiratória Positiva – EPAP
Este método consiste da aplicação de uma pressão positiva na expiração através de uma máscara onde é acoplada uma válvula, na qual a resistência expiratória será fixada (entre 5 a20 cm H²O). Devido à pressão positiva expiratória, um maior volume de ar chega às vias aéreas periféricas durante a inspiração, evitando o colapso e permitindo a movimentação do ar por de trás dos tampões mucoso, pelo aumento da ventilação colateral. O aumento da pressão desloca o muco em direção às vias aéreas centrais, onde podem ser eliminados.
A pressão do sistema respiratório precisa vencer os componentes elásticos e resistivos do sistema respiratório. As características elásticas (complacência) e resistivas do sistema respiratório definem o seu comportamento dinâmico.
Características elásticas: a elasticidade é a propriedade da matéria que permite a um corpo retornar à sua forma original após ter sido deformado sob a aplicação de uma força. Os componentes elásticos do sistema respiratório são:
Complacência pulmonar: é o grau de elasticidade pulmonar; depende do volume e da pressão transpulmonar. Seu valor normal é de 0,2 l/cm H²O.
Complacência da caixa toráxica (tórax, diafragma, parede abdominal e mediastino): a complacência da caixa toráxica representa 34% do valor da complacência pulmonar. Uma complacência elevada implica em ventilação fácil e uma complacência baixa implica em ventilação difícil.
Características resistivas: os componentes que caracterizam a resistência do sistema respiratório são:
Resistência das vias aéreas: é a diferença de pressão entre os alvéolos e a boca, por unidade de fluxo aéreo. Representa a resistência das vias aéreas à passagem de fluxo (atrito das moléculas gasosas com as vias aéreas). Num adulto médio: 10cmH²O/l/s.
Resistência tecidual: causada pelo atrito do deslocamento dos tecidos pulmonares, da caixa toráxica, do diafragma e do addôme.
Num adulto jovem e normal, resistência tecidual representa 20% e a resistência das vias aérea, 80% da resistência pulmonar.
Propriedades estáticas do sistema respiratório
Volume corrente: é o volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal.
Volume de reserva inspiratória: é o volume máximo de ar que pode ser inspirado a partir da posição final da inspiração normal.
Volume de reserva expiratório: é o volume máximo de ar que pode ser expirado a partir da posição final da expiração normal.
Volume residual: é o volume de ar que permanece nos pulmões ao fim de uma expiração máxima.
Capacidade vital: é o volume de gás máximo que pode ser expirado após uma inspiração máxima.
Capacidade pulmonar total: é o volume máximo de extensão dos pulmões com o máximo esforço inspiratório possível.
Capacidade inspiratória: é o máximo volume que pode ser inspirado a partir de um nível expiratório de repouso.
Capacidade residual funcional: é o volume que permanece nos pulmões ao nível expiratório de repouso
É o colapso de parte ou de todo pulmão. Ou seja, o pulmão "murcha" numa parte ou na sua totalidade por um bloqueio na passagem do ar pelos brônquios de maior ou menor calibre (brônquio ou bronquíolo, respectivamente). Os brônquios são tubos que dão passagem ao ar, espalhando-o por todo o pulmão.
Como se desenvolve?
A atelectasia pode surgir por mecanismos diferentes.
O acúmulo de secreções nos brônquios pode bloquear a passagem do ar, levando ao colapso parcial ou total do pulmão afetado.
Quando algum objeto, inadvertidamente, entra na via aérea e chega ao brônquio, a atelectasia poderá ocorrer. Isto costuma acontecer mais com as crianças, quando engolem algum brinquedo ou outro objeto pequeno.
Os tumores pulmonares podem crescer dentro de um brônquio ou pressioná-lo externamente, causando, em alguns casos, a atelectasia parcial ou total do pulmão.
Pacientes que sofrem uma anestesia geral, que tem alguma doença pulmonar crônica ou que ficam muito tempo acamados podem, eventualmente, apresentar uma atelectasia.
Num adulto, a atelectasia geralmente não é uma situação ameaçadora à vida, já que as partes do pulmão que não foram comprometidas fazem uma compensação da perda de função da área afetada. Por outro lado, a mesma situação num bebê ou numa criança pequena pode representar uma ameaça à vida.
O que se sente?
Os sintomas associados a essa situação podem estar presentes ou não. Dependerá, principalmente, do tamanho da área afetada do pulmão e da presença ou não de doenças concorrentes. A atelectasia pulmonar poderá estar acompanhada de dor torácica, tosse ou dificuldade para respirar.
Como o médico faz o diagnóstico?
Através de exames de imagem, como a radiografia ou tomografia computadorizada do tórax, o médico poderá fazer o diagnóstico. A atelectasia, ao exame físico do paciente, poderá ser suspeitada na minoria dos casos. Isto porque terá de haver um colapso pulmonar de uma área extensa do pulmão para que surjam alterações no exame físico.
A broncoscopia - exame que observa a parte interna dos pulmões através de um aparelho flexível dotado de fibras ópticas e lentes - é capaz de detectar o bloqueio da passagem de ar (do brônquio) e sua causa.
Como se trata?
O tratamento deverá ser escolhido de acordo com a causa da atelectasia, com o objetivo de expandir novamente ("inflar") o pulmão.
Nos casos de acúmulo de secreções, a fisioterapia pulmonar para a mobilização das secreções e a broncoscopia para a aspiração dessas será o tratamento mais indicado.
A fisioterapia poderá utilizar-se de exercícios respiratórios, tapotagem (pequenos golpes com os punhos nos pulmões), drenagem postural (colocando o indivíduo numa posição que favoreça a saída das secreções), cinesioterapia e vibradores.
Quando houver alguma infecção bacteriana (por bactérias) associada ao excesso de secreções, os antibióticos deverão ser indicados. Além desses, os mucolíticos (medicamentos que facilitam a expectoração das secreções) poderão ser utilizados nas infecções respiratórias, sejam elas virais ou bacterianas.
Nos casos de corpo estranho na via aérea (objetos), a broncoscopia deverá ser realizada para fazer a remoção. Se não for exitosa, a cirurgia deverá ser realizada.
Quando a causa da atelectasia for um tumor, o tratamento dele deverá solucionar a atelectasia.
Como se previne?
Manter os pequenos objetos longe do alcance das crianças é uma maneira de prevenir as atelectasias causadas por corpo estranho. Da mesma forma, os pais deverão ter cautela na escolha dos brinquedos que devem ser adequados à idade da criança.
Evitar longos períodos deitado na cama também é importante para prevenção das atelectasias, principalmente após cirurgias. Neste mesmo sentido, a fisioterapia também poderá ser necessária. Ela pode ser utilizada para a prevenção das atelectasias.
Nos adultos, principalmente idosos, deverão manter acompanhamento com dentista para que não ocorram aspiração de dente ou prótese mal fixada para os pulmões.
Complicações
A pneumonia é uma complicação que pode se desenvolver poucos dias após o surgimento de uma atelectasia. Portanto, é importante a resolução do problema.